quinta-feira, 27 de julho de 2017


Capitulo I; VERSÍCULO 2
E o verso se instalou no reverso da carne...

Rápido registro de ocupação. Alforria na carta dos descobrimentos.

Tempos inquietos. Tempos incertos. E um mundo indiscreto descrente da própria ilusão. Aonde vive o nada qdo nada ainda existe? Aonde se localiza o gênese da premunição?

Interrogações se curvam, exclamam, mas não solucionam o mistério de o óbvio ser cego aos olhos.

Entre um tropeço e outro encontro a cidade encoberta pela névoa e o planeta girando do avesso. Expressões assustadas caminhavam apressadas pelas ruas ocupadas por almas desocupadas vendidas a qualquer preço à espera do amanhã que nunca chegava. No mesmo instante lembro o Banquete dos mendigos e o império desconhecido embutido na salvação sem noção dos cristãos.

Tempo. Tempo. Tempo. Como pode este senhor ser tão traquino?

Passava das 23 horas quando acordei com a festa rolando solta nos jardins insuspeitos do hotel. Abri a porta. Sentei em seus batentes sentido a brisa da beira-mar e a energia de um luar na iminência de revelar sua fase mais oculta.

Distribuídas na areia da praia tochas em chamas dançavam tal e qual corpos enxeridos inseridos nos movimentos da salsa. Movimento em ondas. nas sombras bem-aventuravam-se em atrevimentos sem censura.

No salão de festas, o deguste de sorrisos. Olhares mal disfarçados se beliscavam dando voltas em torno das fartas mesas. O passear das línguas pelo batom como se fora bastão, alimentava e aumentava o tom das emoções.

Entre tantos casos e acasos, brindes vazios em copos cheios de assédios. Entre outros sentidos coadjuvantes. Entre os tantos semblantes, apesar de estonteantes, rapidamente esquecidos na energia frenética da festa, ela estava lá.

Sim! Era linda, bonita e gostosa. Encantadora em transparências brancas e corpo esvoaçante bronzeado em sois de outros verões. Tantos qto as versões para o instinto nativo q me vestia em um sarongue cor de terra molhada e camisa de algodão egípcio branca, propositalmente aberta à altura do peito igualmente bronzeado ao sol.

Quem seduzia quem? Éramos claros sinais de perigo. Sem prazo à vista. Sedutores seduzidos. Seres ungidos do poder transgressor do desejo invasor.

Ela mãos dadas ao marido. Mãos amigas, velhas conhecidas, parceiras de carinhos e raras delícias debaixo dos lençóis. Sobre o casal, nada além deste rápido, merecido, registro.

Nada comparável ao experimentado no átimo do instante em q nos notamos de corpos presentes. Nada mto reluzente. ou carente. Foi, sobretudo, poderoso.

Depois do relance inicial, feito o registro de ocupação de terra, cada um seguiu em seu lado. Sabiam q haviam entrado em rota de colisão. Seria questão de tempo. Mal sabiam, naquele exato instante acontecia um alinhamento involuntário de planetas, provocando significativas alterações nas orbitas...


03

segunda-feira, 24 de julho de 2017


CAPÍTULO I

No precipício do verso
o verbo lambeu a carne morta...

A realidade é vagabunda descompromissada com a verdade dos próprios rastros. Dada a natureza herege e mercenária das vicissitudes, saber identificá-la já é grande virtude.

Para começo de história este não é um canto de fadas. Talvez nem valha um conto. Nem a desconfiada verdade dos prantos. Por sua vez nem toda história se inicia no "era uma vez". As vezes começa qdo se tem consciência dos fatos passados. Nem sempre ultrapassados.

Existe, inclusive, a possibilidade da historia existir no nada. De surgir meio q sem jeito, um tanto desparafusada; sem querer dizer nada.

A história até pode ter furos, mas, em hipótese alguma, é furada. Quem sabe surpreenda, justamente, pela diferença do q se é e o q se imaginava. Só não cometa a insanidade de confiar no domínio da meada. Além de naturais armadilhas, frutas maduras e vozes sussurradas, o bosque é perfeito para emboscadas.

Muitos esperam ansiosos pelo fim. Justamente os q vivem a sonhar com histórias sem fim. Mal sabem q o fim de todo parágrafo é ser ponto repartido na partida do outro parágrafo.

A história é uma composição de lembranças. Relembra-la é vive-la com a liberdade de compreensão da desordem cronológica. Pela ausência de lógica as histórias se repetem e se expelem. Nem sempre com a mesma ordem de naturalidade. Mais importante q o estar atento à maneira como se movimentam os ponteiros da bússola, é perceber a influência dos campos magnéticos à sua volta.

Quando descrita a vida costuma ser costurada por entrelinhas. Nas horas plácidas é q, verdadeiramente, se conta estrelinhas.

Esta é uma história de várias conexões. Emoções e reações. Cada espasmo conjugado busca alinhar no mesmo espaço o tempo passado e a inconsistência do futuro no presente. Não que seja sem pé nem cabeça. Muito pelo contrário. Tem dois pés conduzidos por varias cabeças. No hiato das entrelinhas é possível respirar.

No mais, expomos, com o mínimo de retoques, sem disfarces, os pontos movediços de equilíbrio da dor e do prazer. Cada processo tem seu tempo de história, e se dá de qualquer maneira. Como, por exemplo, agora, no exato instante em q acabou este parágrafo.

Percebeu? Ainda não se tocou? Onde está com a cabeça, q ainda não se deu conta dos espaços q ela já ocupou em sua vida?

Calma! Não há razão para desespero. Nem tudo ocorre de imediato. Nem tudo exige compreensão. 

Quem acelera corre o risco de atropelar o tempo. Amores nem sempre acontecem à primeira vista. Viver tem suas pitadas de ilusão.

Este é nosso primeiro encontro. Agora é q começou se delinear os primeiros rascunhos à nossa volta. A história está apenas começando, e eu ainda nem lhe apresentei Verônica...


02

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010