segunda-feira, 24 de julho de 2017


CAPÍTULO I

No precipício do verso
o verbo lambeu a carne morta...

A realidade é vagabunda descompromissada com a verdade dos próprios rastros. Dada a natureza herege e mercenária das vicissitudes, saber identificá-la já é grande virtude.

Para começo de história este não é um canto de fadas. Talvez nem valha um conto. Nem a desconfiada verdade dos prantos. Por sua vez nem toda história se inicia no "era uma vez". As vezes começa qdo se tem consciência dos fatos passados. Nem sempre ultrapassados.

Existe, inclusive, a possibilidade da historia existir no nada. De surgir meio q sem jeito, um tanto desparafusada; sem querer dizer nada.

A história até pode ter furos, mas, em hipótese alguma, é furada. Quem sabe surpreenda, justamente, pela diferença do q se é e o q se imaginava. Só não cometa a insanidade de confiar no domínio da meada. Além de naturais armadilhas, frutas maduras e vozes sussurradas, o bosque é perfeito para emboscadas.

Muitos esperam ansiosos pelo fim. Justamente os q vivem a sonhar com histórias sem fim. Mal sabem q o fim de todo parágrafo é ser ponto repartido na partida do outro parágrafo.

A história é uma composição de lembranças. Relembra-la é vive-la com a liberdade de compreensão da desordem cronológica. Pela ausência de lógica as histórias se repetem e se expelem. Nem sempre com a mesma ordem de naturalidade. Mais importante q o estar atento à maneira como se movimentam os ponteiros da bússola, é perceber a influência dos campos magnéticos à sua volta.

Quando descrita a vida costuma ser costurada por entrelinhas. Nas horas plácidas é q, verdadeiramente, se conta estrelinhas.

Esta é uma história de várias conexões. Emoções e reações. Cada espasmo conjugado busca alinhar no mesmo espaço o tempo passado e a inconsistência do futuro no presente. Não que seja sem pé nem cabeça. Muito pelo contrário. Tem dois pés conduzidos por varias cabeças. No hiato das entrelinhas é possível respirar.

No mais, expomos, com o mínimo de retoques, sem disfarces, os pontos movediços de equilíbrio da dor e do prazer. Cada processo tem seu tempo de história, e se dá de qualquer maneira. Como, por exemplo, agora, no exato instante em q acabou este parágrafo.

Percebeu? Ainda não se tocou? Onde está com a cabeça, q ainda não se deu conta dos espaços q ela já ocupou em sua vida?

Calma! Não há razão para desespero. Nem tudo ocorre de imediato. Nem tudo exige compreensão. 

Quem acelera corre o risco de atropelar o tempo. Amores nem sempre acontecem à primeira vista. Viver tem suas pitadas de ilusão.

Este é nosso primeiro encontro. Agora é q começou se delinear os primeiros rascunhos à nossa volta. A história está apenas começando, e eu ainda nem lhe apresentei Verônica...


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